Limites na educação dos filhos

terça-feira, 29 de abril de 2008


Limites na educação dos filhos

"Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir
com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de
abolir os abusos do passado somos os pais mais dedicados e
compreensivos, mas por outro lado, os mais bobos e inseguros que já
houve na história.

O grave é que estamos lidando com crianças mais "espertas",
ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.

Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos
ter, passamos de um extremo ao outro. Assim, somos a última geração
de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que
obedecem a seus filhos.

Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos
os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os
primeiros
que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que
respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos
filhos nos faltem com o respeito.

À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os
termos das relações familiares mudaram de forma radical, para o bem e
para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos
filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o
devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e
veneravam seus pais.

Mas, na medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e
nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles
que conseguem que seus filhos os amem, ainda que poucos os respeitem.

E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais,
pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos,
suas preferências e sua forma de agir e viver.

E, além disso, os patrocinem no que necessitarem para tal fim.

Quer dizer: os papéis se inverteram, e agora são os pais quem tem que
agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado.

Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para
ser os melhores amigos e "tudo dar" a seus filhos.

Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do passado
encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os
preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como
eles.

Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à
frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não
os podemos conter e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão.

Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma
atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade
para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à
frente
liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.

É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no
descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece
ir à deriva, sem parâmetros nem destino.

Os limites abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo
respeito."

Dizem que este texto é de Monica Monasterio (Madrid-Espanha)

Se o for, ótimo.
Se não, parabéns a quem o redigiu.

JOAMAR GOMES VIEIRA NUNES
Juiz de Direito

Vara de Execuções Penais e da Infância e Juventude - Patos de Minas